terça-feira, 21 de junho de 2011

Morre Wilza Carla, uma das divas da Boca do Lixo

Wilza Carla Rossi de Brandizi Silibeli Soares Marques Pereira nasceu em 29 de outubro de 1938 em Niterói, Rio de Janeiro. Neta de político famoso no Rio, Wilza foi abandonada pelo pai aos 3 anos de idade e passou toda sua infacia dividida entre a mansão dos avós e o "quarto e sala" da mãe.

Em 1955, foi convidada na porta do Colégio Sion, por Carlos Manga para um bom papel no filme "Chico Viola Não Morreu" . Aceitou e filmou escondida dos avós, que a proibiam até de ter aulas de ballet. Quando o filme estreou Wilza foi expulsa do Sion, mas não desistiu da carreira. No mesmo ano foi eleita Rainha dos Comerciários, foi escalada para o programa de TV "Familia Boa Aventura ", no cinema teve um pequeno papel em - "Eleanora dos Sete Mares" , e na produção italiana - "Pani, Amore e Carnavale". Tentou também o teatro "sério" na peça - Comédia do Coração - com Paulo Autran, mas acabou partindo para o Teatro de Revista que dava mais dinheiro e mais prestígio.

Rapidamente se tornou uma das principais vedetes do país, favorita de muitos políticos. Inicia a famosa coleção de noivos. Em 1957, 1958 e 1959 reina soberana como Rainha do Carnaval. A única na história do carnaval com 3 títulos consecutivos. Wilza já estava passando de voluptuosa para gorda na entrada dos anos 60, mesmo assim seu prestigio e beleza garantiram ainda muitos anos de rebolado. De 1960 a 1964 se divide entre Brasil e Portugal, onde estrelou com muito sucesso montagens brasileiras como - "Boa Noite Lisboa" e "Pão, Amor e Reticências".

Em 1962 Wilza faz sua estréia nos Desfiles de Fantasia do Municipal, com a fantasia - Rainha dos Vampiros - foi desclassificada porque a comissão julgadora considerou sua fantasia imoral. Wilza deu início as suas famosas brigas com o júri e os organizadores do Municipal, sempre que não tirava o primeiro prêmio. No ano seguinte ganhou todos os primeiros lugares com uma fantasia em homenagem a Ari Barroso - Aquarela do Brasil - e dai pra frente, foi uma coleção de prêmios, na maioria das vezes, na categoria de originalidade, onde sempre foi imbatível !

Em 1967 participou da cultuada produção sueca (rodada no Rio) "Palmeiras Negras", dos diretores Lassen Ligrend e Iulin Bohim, interpretando o segundo papel do filme, ao lado de Bibi Anderson. Estava então com 133 quilos e faz uma cena totalmente nua. Apesar do filme ter sido muito comentado e censurado aqui no Brasil, trouxe um prêmio de melhor atriz no Festival de Palermo. Já na década de 70, Wilza atuou em dezenas de produções baratas da boca do lixo, alguns cults como - "Os Monstros De Babaloo" de Elyseu Visconti, considerado o filme mais erótico produzido no Brasil nos anos 70 (pré-explicito). Mas também teve participações em filmes importantes do cinema nacional, (como "Os Herdeiros" de Carlos Diegues, ou '"Macunaíma" e "Guerra Conjugal" ambos de Joaquim Pedro de Andrade. )

Na TV participou de humoristicos como ' Balança Mas Não Cai ' e algumas novelas na antiga Tupi, como : "Jerônimo, O Herói Do Sertão " e "Assim na Terra Como No Céu". Mas foi em 1976 que teve seu grande momento na televisão brasileira, como Dona Redonda, um dos personagens surrealistas da novela 'Saramandaia', de Dias Gomes. Dona Redonda um dia explode de tanto comer e ainda deixa uma cratera no chão. Mas o público exigiu a volta de Wilza, e ela volta na pele de Dona Bitela, irmã gêmea de Redonda. Em 1977, Wilza seria escolhida por Fellini para estrelar 'Casanova', onde desenpenharia o papel de uma mulher gigante, mas acabou não rolando.

Em 1979 casa-se com o modelo Paulo Bezerra, já grávida de Paola Faieza Bezerra da Silva, que nasce 5 meses depois. Na década de 80 se firma como jurada do Programa Silvio Santos e Raul Gil. Em 1984 começa seus sérios problemas de saúde. Diabética com problemas de ácido úrico, pressão alta, infecção urinária e trombose nas pernas, fica várias semanas internada e precisa da ajuda de amigos e artistas, (como Hebe Camargo, Silvio Santos e Roberto Carlos) para pagar suas contas no hospital . Dai pra frente suas aparições foram diminuindo. Ainda teve participacões especiais em programas do Chico Anysio, na novela "Cambalacho", e algums humorísticos da TV Bandeirantes. Mesmo com todos os problemas de saúde, continuou desfilando suas fantasias de carnaval como hors-concours.

Em 1991 fez na Globo a minissérie "O Portador" de Herval Rossano. Ao lado de Lafayte Galvão formou um casal dono de pastelaria e traficante de sangue. Também em 91, fez sua última participação em novelas, na Rede Manchete em "Ana Raio e Zé Trovão", no personagem Maria Gazolina. Em 1993 desfila no Municipal pela última vez - "Recordação De Um Pássaro", encerrando mais de 30 anos de uma trajetória de muito sucesso no mundo das fantasias.

Em 1994 os problemas de saúde voltam com força total . Teve a vista atacada por uma catarata que a deixou praticamente cega, a artrose nos joelhos a impediu de andar, em 1995 foi internada as pressas com depressão aguda e a diabetes fora do controle. Ficou quase um ano na UTI e chegou a entrar em coma. O peso muito acima do normal - 190 quilos - complicou ainda mais a situação. Wilza esteve a beira da morte, perdeu a visão e parou de falar.

Com o passar dos tempos o quadro de Wilza Carla veio melhorando aos poucos. Operou a catarata e emagreceu 100 kg, hoje pesando na faixa dos 80 mas ainda esta numa cadeira de rodas, devido a falta de verba e também de coragem para implantar uma prótese. Viveu o resto de sua vida em São Paulo, na casa da antiga amiga Phedra del Cordoba. Tinha muita depressão, perdeu boa parte da memória e não conseguia falar muito, sempre se emocionava e chorava provavelmente por constatar que num pais sem memória como o Brasil, hoje ela esta totalmente esquecida, mas para todos que assim como eu são fãs fiéis do clássico cinema da Boca do Lixo ela estará para sempre imortalizada nas nossas telas e memórias.


Filmografia

1955 - Pani, Amore e Carnavale
1955 - Trabalhou Bem, Genival
1956 - Genival é De Morte
1956 - Leonora dos sete mares
1957 - Tem Boi na Linha (Lina)
1958 - Minha Sogra é da Policia (Neném)
1967 - As Aventuras de Chico Valente
1967 - Palmeiras Negras (Ana Gorda)
1969 - Macunaíma
1969 - O Rei da Pilantragem
1970 - O Impossível Acontece (3º episódio)
1970 - Os Herdeiros
1970 - Os Monstros de Babaloo
1970 - Pra Quem Fica, Tchau
1971 - Cômicos e Mais Cômicos
1972 - Ipanema Toda Nua
1972 - Salve-se Quem Puder
1974 - Ainda Agarro Esta Vizinha
1974 - Mais ou Menos Virgem
1975 - Guerra Conjugal (Gorda)
1975 - Um Soutien Para Papai
1976 - A Ilha das Cangaceiras Virgens
1976 - As Loucuras de um Sedutor
1976 - As Massagistas Profissionais
1976 - O Vampiro de Copacabana
1977 - As Eróticas Profissionais
1977 - Chuva Crioula
1977 - Costinha e o King Mong
1977 - Os Pastores da Noite
1977 - Será Que Ela Aguenta?
1977 - Socorro! Eu Não Quero Morrer Virgem
1978 - Seu Florindo e Suas Duas Mulheres
1979 - O Menino Arco-Íris
1979 - Loucuras...
1982 - O Rei da Boca
1982 - Os Campeões
1982 - Sexo às Avessas
1983 - Põe Devagar… Bem Devagarinho
1983 - Vai e Vem À Brasileira
1984 - Bacanal na Ilha da Fantasia
1984 - Clube do Sexo
1984 - Made in Brazil
1984 - Mulher de Proveta
1984 - Padre Pedro e a Revolta das Crianças
1989 - Wiezien Rio (Mulher de Vermelho)
1990 - A História de Ana Raio e Zé Trovão
1991 - O Portador

2 comentários:

Anônimo disse...

Uma pena ela terminar a vida assim... a ví em um programa desses da tarde outro dia, tenebrosa visão, e o pessoal sugando a imagem e o caso ao invés de ajudar realmente.

Fraternidade do Medo disse...

Infelizmente a TV brasileira é um puleiro de abutres e o brasileiro não faz nada para que as bases da nossa cultura não sejam descartadas como lixo. Vide Cine Belas Artes...

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