domingo, 5 de junho de 2011

Seduzidas pelo Demônio: Padre Quevedo e mulher pelada no estilo trash

Um dos primeiros filmes brasileiros a explorar cenas de horror sobrenatural com vítimas do sexo feminino foi "Seduzidas pelo Demônio" pelo diretor/produtor/roteirista/montador/cinegrafista e picareta Raffaelle Rossi (1938-2007). Seu filme se propunha a ser uma espécie de “continuação-remake” de "O Homem-Lobo" (filmado nos anos 1960 e lançado em 1971). No original dos anos 1960, tratava-se de uma história de lobisomem em que um jovem adotado, Roberto, trancado pela família em um internato de rapazes, se transforma num homem-lobo que ataca pessoas e acaba assassinando a própria mãe adotiva, mas fazendo com que todas as suspeitas recaiam sobre seu pai e sua jovem amante.

Na continuação proposta em "Seduzidas pelo Demônio", que se passa no julgamento do pai, a história é re-contada em flashback, mas, então o menino Roberto não é mais um lobisomem, e sim um garoto prometido pelo demônio por uma seita secreta de satanistas e pasmem, até o Padre Quevedo (safadenho!) faz uma ponta no filme para dar explicações científicas para o mal do "endemoniado".


Estrelado por um elenco pouco expressivo composto por Ivete Bonfá, Roberto César e Cassiano Ricardo, "Seduzidas pelo Demônio" tinha vários problemas que o transformaram num dos mais significativos exemplos do humor involuntário no cinema brasileiro. De fato, as falhas do filme são bastante primárias, com situações estapafúrdias como a troca de réu durante o julgamento, a inexplicável mudança de personalidade da mãe adotiva de Roberto e, sobretudo, uma das mais absurdas improvisações da narrativa já vistas para justificar o roubo de seqüências de filmes alheios: possivelmente para fechar a duração do filme para longa-metragem, Rossi usou cenas inteiras e não creditadas do filme de horror alemão "Die Schlangengrube und das Pendel" (Passado Tenebroso, 1967), de Harald Reinl, sobre o Conde Regula (interpretado por Christopher Lee).


Então, para justificar os figurinos antiqüíssimos e o transporte de carruagem usado pelos atores nas seqüências roubadas de "Passado Tenebroso", Rossi criou a idéia de um “tour” temático que os pais adotivos de Ricardo teriam feito na cidade de Gramado, na serra gaúcha, passeando em algum tipo de “trem fantasma na floresta”.
Hoje, é impossível saber como Rossi (falecido em 2007, vítima do mal de Alzheimer) teve acesso à cópia do filme alemão, mas o fato é que poucas vezes uma estratégia desse tipo foi tão indiscreta quanto em "Seduzidas pelo Demônio".
De qualquer forma, e apesar dos inegáveis problemas, o filme pelo menos pode receber o título de primeiro "ghoulie" realizado no Brasil, com cenas canhestras de matanças de mulheres e de possessões demoníacas estreladas pelo ator Robertho César – coadjuvante alçado ao papel de protagonista, naquela que foi possivelmente a sua pior atuação.

Sinopse: Roberto, jovem estudante de medicina, está sendo julgado num tribunal pelo assassinato de sua mãe adotiva. A partir do depoimento de testemunhas, sua vida pregressa vai sendo reconstituída. Adotado ainda bebê pelo doutor Fábio e sua esposa, que o salvaram de um sacrifício pela seita dos adoradores do demônio, o rapaz levou vida normal até a inexplicável morte de três jovens, praticada por ele, numa festa em casa do tio. Julgado vítima de possessão demoníaca, Roberto é internado num hospício para tratamento, mas consegue fugir, indo encontrar seu pai numa igreja, a quem ataca. Este luta desesperadamente e, num último esforço, enterra um crucifixo no ventre do rapaz. Roberto cai como morto mas, gradativamente, a ferida começa a desaparecer, retornando a fisionomia que tinha antes de ser dominado pelas forças do mal.



SEDUZIDAS PELO DEMÔNIO: Ficha Técnica.

Ano: 1975.
País: BR.
Cidade: São Paulo - SP.

Produção: Raffaele Rossi; Cassiano Esteves.
Direção de produção: Renata Candu.
Distribuição: Marte Filmes Ltda.; Art Films Ltda.
Argumento e Roteiro: Raffaele Rossi.
Direção: Raffaele Rossi.

Direção de fotografia: Raffaele Rossi.
Assistência de câmera: Pedro Luiz.
Efeitos especiais de fotografia: Pedro Luiz Nobile.

Elenco:
Robertho César (Roberto)
Shirley Stech (Mônica)
José Mesquita (Professor)
Afonso Arrichielo (Diretor da Faculdade)
Ivete Bonfá (Solange)
Cassiano Ricardo (Roberto quando bebê)

Atores Convidados:
Padre Oscar Quevedo

Participações especiais:
Eleu Salvador
José Velloni
Hilton Have
Manuel A. Baixo

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