
Este
filme de Paul Morrissey é provavelmente a adaptação mais esquisita da
lendária obra de Mary Shelley que eu já vi! Em comparação com o
"Frankenstein" (1931), de James Whale, estrelado pelo ícone do horror
Boris Karloff, "Flesh for Frankenstein" não possue nada do charme
romântico do original. O diretor Paul Morrissey criou um cenário bizarro
e grotesco que contém uma abundância de sangue e tripas, humor negro,
incesto e necrofilia. Alguns momentos calmos entram em contraste com a
brutalidade gráfica (e exposições de nú frontal) tangente no filme.
Outro fator interessante é a utilização "emprestada" do nome de Andy
Warhol para o título do filme. Errôneamente tido como diretor, Warhol
teve apenas seu nome creditado ao filme como forma de promover a
película dos reais diretores ( Morrissey e Margheriti) que seriam algo
como seus "afilhados artísticos"...Vai saber!!!
O enredo é o mesmo de centenas

de
outras adaptações. O Barão Frankenstein, (interpretado por um
incrívelmente desequilibrado Udo Kier) está em busca da cabeça sérvia
perfeita para completar o seu monstro fodedor macho (a versão feminina
serve como fonte dos desejos do cientista e é interpretada por Dalila di
Lazzaro). A Baronesa (Monique Van Vooren), por outro lado, encontra-se
descontente sexualmente com seu irmão/marido, enquanto dois camponeses
(Joe Dallesandro e Srdjan Zelenovic) resolvem visitar um bordel em meio a
uma tempestade. Para completar a bizarrice, há um par assustador de
criançinhas que vagam silenciosamente dentro e fora do filme. Como o
assistente do cientista louco temos Arno Jeurging como um chorão Igor,
que insiste em apresentar nudez frontal masculina. No decorrer da
história uma mistura de sensualidade/grotesco toma conta da trama e tudo
se resume a uma pilha de cadáveres no final.
O ridículo de "Flesh for Frankenstein" é, felizmente, também a sua graça salvadora. Ao contrário dos filmes "camp" que atropelam os requisitos que lhes deram vida, "Flesh..." é claramente um rebento de "I Vampiri" com Dario Argento. Morrissey
trata seus personagens com cuidado, mostrando não apenas a sua
insanidade, mas também apresentando-os como verdadeiras estrelas. Todo mundo é bonito e tudo é gótico. Do castelo sombrio de Frankenstein ao brilhante laboratório
em uma caverna, cada cena é construída para obter um impacto dramático
maior, mesmo que o efeito cumulativo de todo o drama seja uma risadinha...heheheheheh...
Eu até poderia escrever sobre os aspectos raciais, sexuais e políticos de "Flesh for Frankenstein", mas para quê? Está tudo lá na superfície e essa é a verdadeira grandeza do filme. Nunca tenta ser mais do que é: divertimento sangrento e sensual. Provocante, mas mesmo assim uma recomendada mistura entre splatter e arte.
Título: Flesh for Frankenstein / Andy Warhol's Frankenstein
Ano: 1973
Country: USA, Itália, França
Diretores: Paul Morrissey, Antonio Margheriti
Roteiro: Paul Morrissey
Elenco: Udo Kier, Monique Van Vooren, Dalila Di Lazzaro, Arno Jeurging, Joe Dallesandro e Srdjan Zelenovic
Little Eddy
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